1. Em português (do Brasil), numa linguagem coloquial, temos o hábito de repetir a palavra para dar mais ênfase ao que se quer dizer. Por exemplo:
“Vocês estão juntos?”
“Juntos. Juntos.”
Esse método não me parece eficaz em nenhum outro idioma que eu tenha aprendido. É melhor falar uma vez, de modo claro: "sim"; ou a versão longa: "sim, estamos juntos".
2. Outra lógica que, às vezes, usamos é a de pressupor o raciocínio por terceiro (no exemplo abaixo: a adição).
“Querem café?” O garçom pergunta.
“Eu quero um.” O primeiro comensal responde.
“Dois.” O segundo responde.
“Três." O terceiro comensal diz.
O garcom brasileiro provavelmente vai trazer três cafés, porém é possível que os garçons de outras nacionalidades tragam 7. E depois vamos dizer: “era tão óbvio, pois somos três pessoas”.
3. Usando ainda a lógica descrita acima, às vezes, pedimos uma coisa, quando, em verdade, se quer outra:
Estavam na fila do banheiro numa estação de trem e a entrada custava 0,50 de euro. O rapaz não tinha moeda, e (usando o seu modo de pensar) perguntou à pessoa logo atrás dele, segurando a carteira aberta:
“O senhor tem dinheiro trocado?” Ele perguntou isso, imaginando que o senhor sabia que ele estava na fila para ir ao banheiro.
O senhor, por sua vez, olhava o rapaz, como que se perguntando: “será que ele quer que eu lhe pague a entrada?”
Quando o rapaz percebeu que o senhor não o entendia, mostrou a nota que queria trocar e perguntou o que realmente queria:
“o senhor pode trocar essa nota em moedas para mim?”
“Claro.” Respondeu o senhor.
E tudo ficou entendido!
4. O calouro de idioma (envergonhado) fala baixo e/ou pra dentro. Se fosse um estrangeiro no Brasil, é possível que alguém se compadecesse a ajudar, porém nos países europeus, há milhares de turistas, portanto, se o turista falar pra dentro, ele será abandonado à própria sorte. Por isso, na dúvida, abra a boca e fale num som audível (gritar tampouco fará a pessoa compreender).
5. De um modo geral, nós gesticulamos mais que os nativos de língua inglesa e alemã, por exemplo. E talvez, por isso, tenhamos a impressão de que os gestos aumentam a clareza da nossa fala.
NÃO (exceto a linguagem dos mudos). Os gestos/mímica, em geral, só funcionam quando as duas partes estão muito dispostas a se entender; para aprender o idioma, é melhor exercitar a fala.
6. A crítica e o constrangimento: quem levar para o lado pessoal, vai sofrer ao invés de se divertir.
Não há nenhuma regra que nos proíba de cometer esses e outros erros quantas vezes for necessário. Todos eles valem a pena, pois nos unem em rodas, mesas de jantar, encontros fortuitos; e no final, os erros nos presenteiam com novos óculos que permitem observar melhor o ineditismo do mundo.
Não há nenhuma regra que nos proíba de cometer esses e outros erros quantas vezes for necessário. Todos eles valem a pena, pois nos unem em rodas, mesas de jantar, encontros fortuitos; e no final, os erros nos presenteiam com novos óculos que permitem observar melhor o ineditismo do mundo.
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