terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Nós e Eles

Estão perguntando o que está acontecendo no Rio. Devemos responder categoricamente que estamos limpando a cidade. Os que fazem “coisas erradas” estão sendo tradados como merecem e que se eles forem mortos, não haverá mais problema no Rio. Pois o Rio é feito de cidadãos descentes como nós, e eles, que não valem nada.

Os traficantes, os políticos, os corruptos são completamente diferentes de nós. Alguém perguntou se nós temos qualquer relação com eles. Como de costume, sejamos honestos: não! Se nós conhecemos drogas? Nós nunca fumamos nem conhecemos amigos que fumam ou fumaram um baseado, sequer. Prostitutas, homossexuais, ou qualquer outro grupo de minoria, respeitamos como respeitamos aos nossos irmãos. Não existe essa de ofender o outro, só porque não gosta do sexo oposto. Nós estamos fazendo tudo certo. Nunca falsificamos nada. Não deixamos lixo na praia. Furar fila? Tá maluco?! Comprar muamba, ou produtos falsificados? Nem pensar. Nós não estacionamos em lugares proibidos. Nas calçadas? Nós as deixamos livres para permitir que as mães com os carrinhos de bebê ou os cadeirantes possam transitar. Acostamento? Fala sério! Dinheirinho pro guarda? Você não sabe com quem está falando. Se o garçon trouxer uma conta errada, nós somos os primeiros a informar e a pedir para corrigir. Não aceitamos tirar vantagem. Tratamos super bem os nossos empregados domésticos; não é porque estão sendo pagos pra nos servir que os trataremos como pessoas inferiores. Nós não admitimos isso. Participamos ativamente da construção de uma sociedade melhor; agora vêm eles e querem acabar com a nossa cidade maravilhosa? Todo mundo pro paredão! Se as famílias deles vão sofrer? Não têm nem famílias esses infelizes. E se eles têm, quem mandou criar bandido? Eles tiveram tantas oportunidades quanto nós. Por isso, nós não podemos ser comparados a eles. Se isso gera mais violência? Se os parentes que ficam deles vão se revoltar e gerar mais violência no futuro? Nós somos o país do futuro, esqueceu? De toda forma, paredão pra eles também. Qual é o critério? Ora, o que eles fazem! Não vem com discurso de human rights porque não cola. Foi com tolerância zero que os Estados Unidos acabaram com o terrorismo: tacaram bombas no Iraque e no Afeganistão. Não foi? Eles pensaram em human rights? Não. Por que nós temos que pensar? Para quem está de fora, é fácil falar. Queria ver se estivesse aqui, passando pelo que nós estamos passando.

Saiba que nós só não somos considerados primeiro mundo por causa deles. A prova disso é que quando nós fazemos algo errado, é diferente; é mais aceitável pela sociedade. Não são os absurdos que eles fazem. Quem somos nós? E quem são eles? Você ainda não sabe com quem está falando.

O coletivo só muda se cada um iniciar a sua própria mudança.

With care,
One of us who wants to be the change that I want to see in the world.

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