terça-feira, 15 de novembro de 2011

Nova Zelândia – primeira impressão

Sempre que ouvia falar da Nova Zelândia, os esportes radicais e a natureza eram os assuntos predominantes; e embora nunca fosse mencionado expressamente, os turistas e reportagens faziam tantas referências à cidade de Auckland, que eu achava se tratar da capital.

A capital da Nova Zelândia é Wellington, no entanto.

Wellington é uma cidade pequena, com praia sem onda, limpa, cheia de cafés, bares, restaurantes, e perfeita para pedalar, correr ou andar a pé, se você quiser encarar o vento.

Bem-vindos à Windy Wellington, dizem os locais aos recém chegados.

Olhando a cidade de costa para o mar, é fácil perceber que a especulação imobiliária e a arquitetura moderna fazem parte do cenário. Porém ainda é possível localizar prédios antigos com estilos art deco, que deixam a capital ainda mais charmosa.

As áreas verdes são visíveis de qualquer ponto turístico de Wellington.

Ansiosa para conhecer a natureza exclusiva desse país, formado por duas ilhas principais (ilha do norte e ilha do sul) e cercado por ilhotas, não economizei e me meti mato a dentro.

Levei meu caderninho de anotação para registrar as espécies raras de animais.

Observa de lá, observa de cá...

Passou um pássaro, depois (muito depois) outros poucos. Não deu pra ver direito.

“Os pássaros mais raros daqui são noturnos. É melhor voltar amanhã à noite. É mais caro, porém vale a pena.”

“Tudo vale a pena se a alma não é pequena.” Acho que ouvi a voz do Fernado Pessoa soprando no meu ouvido. Quis revidar dizendo que meu bolso era pequeno, mas fiquei com vergonha, e paguei os NZ$76 dólares para fazer o passeio noturno.

Ao chegar, à noite, no parque nacional Zealandia, recebi uma lanterna e algumas instruções. Não sei se por ansiedade ou se por falta do que fazer, pois adentrei o parque com uma hora de antecedência, puxei conversa com uma das guias do passeio; para ser sincera, grudei no pé dela, feito um cachorro no cio.

Ela não teve pra onde correr.

“What would you like to know?” A guia perguntou.

“A senhora não me leva a mal não, mas eu estou vendo poucos pássaros, e olhe que eu bato perna. Já fiz passeios por duas ilhas pequenas... cheguei na temporada errada?”

“Até a chegada dos europeus, havia, na Nova Zelândia, uma quantidade incontável de pássaros raros e praticamente não existiam animais mamíferos terrestres. Os colonizadores ingleses trouxeram vacas, gatos, ratos, dentre outros. Consequentemente, os pássaros juntamente com as florestas naturais foram destruídos. Os ratos e gatos comiam os ninhos e boa parte dos pássaros foram extintos.”

“Os parques da Nova Zelândia não são originais? E só tem um restinho de pássaros?”

“We have approximately 5% of natural bush left. All you see is regenerated bush and most remain birds are in danger of extinction.”

Tudo é reflorestamento?!? Repeti a resposta para garantir que eu havia entendido.

“O reflorestamento vem acontecendo de 80 anos pra cá. Os europeus, durante a colonização, destruíram praticamente todas as florestas naturais.”

Pela primeira vez, senti um orgulho genuino pelo fato de o Brasil ter sido colonizado pelos portugueses. Além da dimensão do país, da língua do Saramago, a Amazônia contém floresta original.

“Olha ali um pássaro. Qual é esse?”

“Bellbird.”

Caminhamos, caminhamos e caminhamos...

“Mais dois. Como é o nome deles?”

“Saddleback.”

E para surpresa de todos, inclusive dos guias, fomos contemplados com a aparição do pássaro mais famoso do país: o kiwi. A propósito, esse é o apelido de quem nasce na Nova Zelândia.

Também nesse país é possível encontrar 12 das 17 espécies de golfinhos.

Num passeio de barco, em Picton, na ilha do sul, tive a oportunidade de observar, alguns pássaros marítimos (seabirds), uma foca e uma brincadeira de golfinhos cuja espécie era diferente da que vi, no Brasil, em Fernando de Noronha, porém tão dócil quanto.

Apesar da destruição massiva das florestas pelos primeiros colonizadores, o país vai muito bem, regenerando as áreas verdes, e usando o turismo e os cursos universitários para estrangeiros, como alavanca.

New Zealand rocks.


Outro post sobre o assunto:

Modos e modas na Nova Zelândia


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