quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Modos e modas em Melbourne

Seguindo a linha do Joao Ubaldo e já adaptando, escrevo as impressões de uma brasileira em Melbourne.

Os australianos são tao simpáticos que, logo no início, fiquei com dúvida se eles/elas estavam simplismente sendo legais, ou se estavam paquerando. Porém rapidamente me dei conta de que é fácil fazer o contato inicial, mas conseguir fisgar um amigo é outra história. Ou seja, conseguir o número ou o facebook de alguém para se comunicar leva um tempo. É quase um namoro. Aos poucos, estou fazendo a minha panelinha de aussies (palavra usada para denomiar o australiano da gema).

Aqui é moda usar iphone, comunicar-se através do facebook e text messages. Os aparatos tecnológicos fazem parte do cotidiano da cidade. Ninguém sai de casa sem o seu iphone. A máxima o mundo é plano tem validade entre eles. No entanto, às vezes, chego a pensar que o povo daqui quer colocar o globo num banheirinho, pra todo o mundo fazer contato tecnológico. Logo que cheguei e falei que não tinha facebook, pensei que seria barrada na alfândega. Mas tudo correu bem e eu entrei no facebook, devido a uma pressão social e, ao mesmo tempo, me sentindo tirando o título de eleitor.

O quesito tecnológico é tão forte que o governo semanalmente se pronuncia sobre a execução de uma broadband mais arrojada. Acho que eles querem wifi na veia. O governo também se pronuncia frequentemente sobre o sexting, mensagens que os adolescentes enviam uns aos outros com fotos de peitinho, bundinha e coisa o valha. E isso tem gerado uma discussao enorme, o que não é pra menos, considerando que a internet atrai todos os tipos de gostos, ideias e possibilidades.

Por falar em jovens, todos aqui pregam a liberdade de ir e vir como quiserem. Portanto, as mulheres exigem serem tratadas com respeito independentemente do modo como estao vestidas. É proibido o uso da frase “if she is wearing like this, she is asking for that”. As mulheres têm o direito de dizer não, em qualquer circunstância. Ao que parece, em algum momento, houve um certo número de “assaults against girls” e ao serem interrogados os jovens disseram que elas foram até muito longe e não era justo que elas mudassem de ideia. Aliado a esse contexto tem o alcool. Os jovens aqui bebem muito. Quase ninguém dança antes de estar bêbado. Em resposta aos "assaults", tem sido feito um trabalho pela liberdade e pela dismistificação do esteriótipo. Girls have the right to say no anytime. Melbourne é uma cidade de girl power, protests and liberation.

Toda semana, às sexta-feiras, há protestos ou manifestação na cidade; os gays querem o reconhecimento do direito de casar; as mulheres querem liberdade e o equal pay; os casais querem que seja estabelecido um prazo de validade para o casamento, evitando o processo de divórcio; outros se preocupam com os refugiados, os aborígenes, o preconceito, e por aí vai.

Ter preconceito é um ato criminoso, quase um tabu. Os australianos querem construir uma comunidade aberta na qual qualquer um possa existir à sua maneira. Isso não quer dizer que não haja preconceito, mas se você tem preconceito, trate de esconder, caso contrário, você não vai convidado a interagir com a galera do toilet.

Melbourne investe para ser uma cidade onde a confiança e o respeito às leis reinem como padrão. Um bom exemplo é o uso dos transportes públicos, que são livres de fiscalização diária. Eventualmente, um fiscal entra e pede os tickets. Ou seja, vigora a confiança até que se prove o contrário. Além disso, é comum se usar o transporte público para se ir a uma festa. Durante os finais de semana, é comum ver as pessaos arrumadíssimas se locomovendo de bondinho, ainda que de baixo de chuva. Imagino que a lei seca local também colabore para esse cenário.

Os pontos fracos de Melbourne coincidem com os de outras cidades do mundo e dizem respeito às empresas de telefonia, o humor no ir e vir do trabalho, no elevador, no trânsito e nos bancos. As empresas de telefonia também fazem o uso e abuso da "URA"; o humor no transporte público no caminho do trabalho retrata uma certa melancolia; e o sentimento dentre os usuários no elevador é de constrangimento. E se alguém comete uma infração no trânsito, leva uma buzinada. Bank sucks everywhere in the world.

No mais, Melbourne é encantadora.

That is all folks.

Talvez você goste também dos posts:
Melbourne - primeira impressão
Guia básico para visitar Melbourne (in English)

Nenhum comentário:

Postar um comentário