segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Ontem eu sonhei que estava em Moscou...


A verdade é que eu nunca havia sonhado que um dia estaria em Moscou. 
Mas a vida tem seus caprichos e adora nos surpreender, especialmente quando tomamos a expressa decisão de ficar quietinhos no nosso canto, seguindo uma rotina, como nunca fizemos antes.
Não vou aqui entrar em detalhes de explicar por que uma pessoa de natureza nômade tomou essa decisão radical. Digo apenas que da mesma forma que a vida tem seus caprichos, ela também tem seus mistérios, e agora tenho uma filha.
Voltando à viagem, em razão dos caprichos da cabotina, recebi um convite de uma amiga russa para passar uns dias em Moscou. 
É óbvio que aceitei, embora confesse que a primeira coisa que me veio à cabeça foi: "mas justo agora que preciso seguir uma rotina?"
“Agora ou nunca.” 
Diante dessa resposta da vida, pegamos um voo para Moscou.
Por mais que tenhamos esquecido as aulas de história sobre Rússia, é quase impossível não reativar a memória diante dos símbolos grafados nos monumentos e nas estações do metrô de Moscou, sobre marxismo, comunismo, revolução russa, dentre outros tópicos estudados no ano do vestibular. Transitar pela cidade é como embriagar-se de história.
É óbvio que Moscou de hoje é bem diferente de Moscou daqueles tempos de guerra fria. Com relação ao tema, os jovens, que conhecemos por lá, não sentem a menor saudade desse tempo, ou melhor, sequer se lembram bem dele. Mas os pais desses jovens o fazem com saudosismo. 
Diante dos prédios e monumentos, é possível sentir o quanto o ser humano é pequeno diante do sistema. Moscou parece maior que o mundo. A cidade parece devorar seus transeuntes.
O metrô pode ser comparado com o de Londres, pois ramifica-se pela cidade inteira. Apesar disso, o trânsito de Moscou é enlouquecedor.
Eu não gostaria de viver em Moscou, mas admito que os símbolos da cidade são capazes de entranharem-se na nossa memória, obrigando-nos a voltar para conhecê-la melhor.