De início, ela vivenciou cada instante, sem compreender o que se passava. Ao longo do trajeto, parecia ter superado os atropelos do que não via e disse ter entendido o mal entendido. Contudo, voltou ao ponto de partida.
Diante dos próximos episódios, ela disse:
“Dessa vez é diferente; qualquer um pode ver.”
No entanto, aos poucos, as situações passaram de similares a idênticas; e tudo ocorreu como previamente.
Todos testemunharam.
Ela se disse que, dessa vez, havia compreendido.
Entretanto, completou a terceira volta.
No decorrer do quarto percurso, ela já buscava meios de vivenciar aquilo tudo de novo. Não sabia se para dar segurança à certeza, se por vício, ou por medo de perder o que, pelo menos, tinha.
Apesar disso, ela conversou com o ar e anunciou que tudo seria diferente; e fez exigências a quem passava por ali; e revidou o que atribuia como erros dos outros. Todavia, não conseguiu nenhuma promessa de que as coisas mudariam.
Não mudaram.
As situações repetiram-se, parecia a propósito, para que ela percebesse de modo diverso, porém a tolerância não chegou a tempo, uma cegueira lhe encheu de razão; e ela só se lembra de ter visto o que via antes.
Extenuada se disse doente, e se perguntava:
“Seria esse o meu destino? Ficar dando voltas, me apegando ao avesso da liberdade?”
Quis desistir de tentar de novo, porém não foi adiante com essa ideia; não se sabe se por cansaço ou perseverança.
Observou, analisou, fez cálculos, promessa e salvo-conduto.
Embora ela reconhecesse o que via antes, não sabia como evitar. Por isso, a contragosto, seguiu dando voltas, como se nem o freio soubesse usar.
Fez vários experimentos; mudou a atitude, os hábitos, o lugar onde comia, variou quase tudo.
E quando achou que estava em outra rota, as situações repetiram-se, talvez por ironia ou porque ela já havia se viciado no gosto da certeza. E ela deu voltas até se habituar.
Num lampejo, ela disse que buscou os pontos de vista com os quais discordava; aceitou que esses não mudariam; e viu o que jamais poderia ter visto antes; inventou até o sentido; divertiu-se, e diante daqueles eventos transparentes, fechou os olhos.
E o circuito saiu do ar.
Mas isso durou somente até que eventos semelhantes lhe tomassem o equilíbrio.
Dizem que passou a vida assim, nesses altos e baixos, e enlouqueceu.
Esbarrei no seu blog por acaso assino o feed do Brazucas no mundo, e adorei esse post. Estive também lendo outros posts seus e tenho que dizer que adoro sua forma de escrever. Adoro ler, e quando algo é bem escrito então...fico meio que me transe de tanto prazer. Já publicou alguma coisa? Quando publicar tomara que chegue na Alemanha rapidinho :-)
ResponderExcluirUm abraço
Seja bem-vinda!
ResponderExcluirAinda não publiquei nada fora do blog. O livro que escrevi foi rejeitado, mas pretendo reescrevê-lo e apresentá-lo novamente a uma editora. Acabei de dar uma passada no seu blog e devo admitir que aquele post do frio combina bastante comigo. Frio só com o amor!
Obrigada por ler e comentar.
Um abraço,
Silvia