terça-feira, 8 de outubro de 2013

O silêncio dos blogueiros

Eu acompanho vários blogs de desconhecidos, e quando um blogueiro passa alguns meses sem escrever, eu me indago, como se ele fosse um grande amigo: o que terá acontecido?  

E se você tem uma mente falante como eu, as perguntas não cessam: será que desistiu da vida de blogueiro? Voltou a trabalhar 100% do tempo num escritório? Desistiu?

Mais tarde, você descobre que ele não escreveu nada, porque lhe sobrou paixão porém faltou disciplina; que ter um projeto em mente não garante a sua execução; que ele também fracassa nas suas resoluções, e que coisas inesperadas também lhe acontecem. 

E ele que se dizia flexível, adaptável e pronto para qualquer coisa, no fundo, como qualquer outro, foi surpreendido e intimado a experimentar uma nova espécie de fel. 

Entretanto, antes mesmo de se tornar uma vítima de si, ele se embebeda de coragem ao ler a citação do imperador romano Marcus Aurelius: "aceite o que quer que venha para você nas tramas do destino, pois o que se ajustaria mais adequadamente às suas necessidades?"

Com isso, inevitavelmente, aquela lava vital o impulsiona a rever os seus projetos, a fazer as pazes com a sua disciplina, e, a se encher de esperança, pois que outra coisa ele gostaria de estar fazendo? 





segunda-feira, 7 de outubro de 2013

06 erros comuns de se cometer quando aprendemos idiomas

1. Em português (do Brasil), numa linguagem coloquial, temos o hábito de repetir a palavra para dar mais ênfase ao que se quer dizer. Por exemplo:

“Vocês estão juntos?”

“Juntos. Juntos.”

Esse método não me parece eficaz em nenhum outro idioma que eu tenha aprendido. É melhor falar uma vez, de modo claro: "sim"; ou a versão longa: "sim, estamos juntos".

2. Outra lógica que, às vezes, usamos é a de pressupor o raciocínio por terceiro (no exemplo abaixo: a adição).

“Querem café?” O garçom pergunta.

“Eu quero um.” O primeiro comensal responde.

“Dois.” O segundo responde.

“Três." O terceiro comensal diz. 

O garcom brasileiro provavelmente vai trazer três cafés, porém é possível que os garçons de outras nacionalidades tragam 7. E depois vamos dizer: “era tão óbvio, pois somos três pessoas”.

3. Usando ainda a lógica descrita acima, às vezes, pedimos uma coisa, quando, em verdade, se quer outra:

Estavam na fila do banheiro numa estação de trem e a entrada custava 0,50 de euro. O rapaz não tinha moeda, e (usando o seu modo de pensar) perguntou à pessoa logo atrás dele, segurando a carteira aberta:

“O senhor tem dinheiro trocado?” Ele perguntou isso, imaginando que o senhor sabia que ele estava na fila para ir ao banheiro.

O senhor, por sua vez, olhava o rapaz, como que se perguntando: “será que ele quer que eu lhe pague a entrada?”

Quando o rapaz percebeu que o senhor não o entendia, mostrou a nota que queria trocar e perguntou o que realmente queria: 

“o senhor pode trocar essa nota em moedas para mim?”

“Claro.” Respondeu o senhor.

E tudo ficou entendido!

4. O calouro de idioma (envergonhado) fala baixo e/ou pra dentro. Se fosse um estrangeiro no Brasil, é possível que alguém se compadecesse a ajudar, porém nos países europeus, há milhares de turistas, portanto, se o turista falar pra dentro, ele será abandonado à própria sorte. Por isso, na dúvida, abra a boca e fale num som audível (gritar tampouco fará a pessoa compreender). 

5. De um modo geral, nós gesticulamos mais que os nativos de língua inglesa e alemã, por exemplo. E talvez, por isso, tenhamos a impressão de que os gestos aumentam a clareza da nossa fala. 
NÃO (exceto a linguagem dos mudos). Os gestos/mímica, em geral, só funcionam quando as duas partes estão muito dispostas a se entender; para aprender o idioma, é melhor exercitar a fala.

6. A crítica e o constrangimento: quem levar para o lado pessoal, vai sofrer ao invés de se divertir. 

Não há nenhuma regra que nos proíba de cometer esses e outros erros quantas vezes for necessário. Todos eles valem a pena, pois nos unem em rodas, mesas de jantar, encontros fortuitos; e no final, os erros nos presenteiam com novos óculos que permitem observar melhor o ineditismo do mundo. 

sábado, 22 de junho de 2013

Sertão manifestante

Meus sinceros agradecimentos aos que estão nas ruas, mudando o curso da história e o curso de História! 

Não vejo a hora de pisar em território nacional, nesse território conquistado, e abraçar todo mundo, em especial os que estão com filhos nos hospitais, nas filas das escolas públicas, os comerciantes prejudicados, os que prestam serviço público apesar da falta de estrutura...

E aos vândalos, digo apenas que estão perdendo o bonde da história, mas se correrem conscientes chegarão a um lugar melhor.




segunda-feira, 17 de junho de 2013

06 dúvidas persistentes

Tenho dúvidas:

1. Se René Descartes tinha razão quando disse: “penso logo existo”?
Se nós fôssemos o sujeito dessa ação, poderíamos parar de pensar, quando quiséssemos, o que não ocorre sem um esforço hercúleo. Por isso, tenho a impressão que o pensamento é um músculo involuntário; e, às vezes, ele é capaz de encher a nossa “vida de tragédias que nunca aconteceram” (Mark Twain).

2. Se Sartre ao dizer “que o inferno são os outros” estava falando realmente de quem nos observa, ou se estava falando dessas vozes mentais que se materializam e até convenceram Descartes do “penso logo existo”?

3. Se Nitzsche, ou melhor, se Zaratustra tinha razão ao afirmar: “para todos os problemas da mulher, uma solução: gravidez”?

4. Se as pessoas acreditam mesmo que controlam alguma coisa?

5. Se nós, cidadãos ditos do bem, também não agiríamos de modo bestial, se algo que defendemos/amamos estivesse em perigo, ou mesmo diante de uma coisa mínima, que naquele momento pareça gigante?


6. Se insinceridade seria algo tão ruim?
Quando vejo um ser humano, declarando a sua animosidade a outro ser, seja por questões religiosas, raça, de cunho sexual etc., eu me pergunto: por que ele não finge, e se comporta como um hipócrita pelo bem comum? Um xenófobo sincero angaria seguidores desatentos e os deseduca, sabotando a união evolutiva da sociedade. Não te parece?

terça-feira, 11 de junho de 2013

Pontos em comum no mundo

1. Beleza agrada;

2. O diferente causa fascínio ou rejeição. Por isso, o preconceito tem lugar cativo. O que faz a diferença é a nitidez com que algumas pessoas percebem que o preconceito é de quem o tem, e não muda o que somos, não podendo nos diminuir. “A arma do preconceituoso é a mente do oprimido.” Steve Biko;

3. Religião, que originariamente significa religare, tornou-se "separare"; dependendo da sua religião, o próximo não te ama nem te respeita;

4. Drogas: não há onde não se venda. Os países ricos não se importam com quem vende nem com quem compra, até fornecem aos usuários, desde que a paz seja mantida. Por isso, exportam armas para os países emergentes combaterem as drogas e violarem os direitos humanos longe. 

5. A profissão mais antiga do mundo deveria mudar de nome para sexo honesto. Todo lugar há oferta e demanda. 

6. Reclamar sem sentido tornou-se um prazer e afasta as pessoas. Os itens mais comuns: as condições climáticas, as mudanças que ocorreram, ou que não ocorreram, internet e celular.

7. Por outro lado, protestar pelo bem comum une e multiplica a graça da caminhada.

8. Não importa se o país é rico ou pobre, o índice de violência contra mulheres, crianças e homossexuais é assustador;

9. As mulheres ganham mais que os homens na carreira de modelo, porém em todas as outras, continuam, no geral, ganhando menos. 

10. Por mais claras que sejam as regras, a vitamina C (contato/connection) funciona igualmente mundo a fora;

11. Todos temos uma história para contar;

12. Todos gostam de ser ouvido;

13. E o sorriso é uma credencial reconhecida mundialmente. Por isso, na dúvida, não hesite, sorria!

domingo, 9 de junho de 2013

Só para quem gosta de ler


1. Grande sertão: veredas. Guimarães Rosa.
Eu já havia tentado ler esse livro duas vezes, porém sempre parava na cena em que os jagunços comem um bicho e depois descobrem que não era bem isso. Na terceira tentativa, eu consegui superar e fiquei maravilhada como o G. Rosa criou uma linguagem nova e inseriu o mundo no sertão, criando uma história de amor linda. 


2. The picture of Dorian Gray. Oscar Wilde.
Gosto do Oscar Wilde porque ele questiona os valores da sociedade, usando a ironia. Li em inglês porque não tive acesso ao livro em português. 

3. Trem noturno para Lisboa. Pascal Mercier (pseudônimo).
O autor conseguiu criar um livro dentro de outro livro e me fez acreditar que o personagem do outro livro existia. É filosófico e poético, porém um pouco triste.

4. No teu deserto, de Miguel Sousa Tavares.
Trata-se de uma viagem de Portugal ao deserto do Sahara. Eu gosto do deserto porque ele tem uma capacidade de nos desacelerar. O livro começa corrido e depois entra numa beleza lenta, que dá vontade de viajar.

5. Desde que o samba é samba, do Paulo Lins (autor do livro Cidade de Deus).
É bem escrito, prende o leitor do início ao fim, tem dados históricos sobre o samba, sobre religiões e personagens reais. Quando terminei de ler, queria começar tudo de novo. Todo carioca deveria ler esse livro.

6. O incidente da ponte de Owl Creek (conto fantástico). Ambrose Bierce. 
É um dos contos mais bem escritos que já li. 

7. A incrível e triste história de Erêndira e sua avó desalmada. Gabriel Garcia Marques.
Trata-se de uma coletânea de contos fantásticos do Garcia Marques. Ele me impressiona pela capacidade de me convencer dos seus absurdos.

8. Cartas a um jovem escritor. Mário Vargas Llosa.
Releio sempre esse livro para escrever melhor; já comentei sobre ele em outro post.


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sexta-feira, 7 de junho de 2013

10 verdades absolutas (no meu grão de areia)

1. Dançar faz bem ao corpo e à alma de quem dança e de quem a observa;

2. Chá também causa esse efeito. Os rituais de chá são lindos;

3. (Entretanto), água é a melhor bebida do planeta (em seguida, vêm a cajuína, o caldo-de-cana e o açaí);

4. Viajar é viver o presente presente, e ser lembrado que tudo o que numa cultura é, numa outra pode não ser e elas podem coexistir;

5. Diversidade é um tesouro, que alguns custam reconhecer;

6. Drummond de Andrade estava certo quando nos perguntou: "Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?" 

7. E Vinicius de Moraes tinha razão "alegria é a melhor coisa que existe";

8. E Paulo Lins foi preciso: "A poesia é a arte de procurar o verso que todo mundo busca um dia, verso que cai em qualquer ser humano como a verdade da vida." (livro "Desde que o samba é samba", p.213).

9. E Simone de Beauvoir confirmou "Escrever é desvendar o mundo";

10. E convém uma pitada de sal na docilidade dessas metáforas: disciplina é fundamental para realizar qualquer projeto. Não espere a inspiração, porque ela só vem se você estiver com a mão na massa. Se não tem ideia à vista, siga o conselho da poetisa Sarah Kay, e comece com uma simples lista!