Não sou a mosca que pousou na sua sopa; sou aquela que tenta incessantemente passar pela janela cujo vidro do seu para-brisa impede.
E você?
Você é aquele que tenta mostrar que a janela está ao lado, "basta voar alguns centímetros", você diz em tom impaciente.
Você abre todas as janelas, tentando aumentar a minha chance de passar de vez e parar de fazer barulho.
Um barulho tão leve, no entanto, você não o suporta. Você deixa de fazer o que estiver fazendo para insistir na minha saída.
Você fala meia dúzia de palavras que não teria coragem de repetir na frente da sua avó.
A ignorância está a alguns minutos de nós. Você bate no vidro, achando que isso vai me fazer ver o óbvio.
E você?
Você vê o óbvio? E assim que você o vê, você toma a iniciativa e a decisão que tem que tomar? E a executa?
Eu sou a mosca no seu para-brisa. E você?
Apesar de saber o que quer às vezes, você também é capaz de parar o que estiver fazendo para se preocupar com uma mosquinha.
Somos um pouco parecidos; dois cabeças-dura, batendo no vidro. Você bate nele para me mostrar a saída óbvia; e eu, racional como uma mosca, bato no vidro porque errei de novo, tentando encontrar uma ruptura que leva à uma passagem, a ser descoberta pelos que teimam; eu sei que há uma saída óbvia, porém ela me leva sempre ao mesmo lugar; e para lá… o diabo que te carregue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário