terça-feira, 13 de setembro de 2011
Texto e contexto
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
HUMAN RESOURCES BUSINESS PARTNER - AMERICAS REGION
All activities need to be underpinned by the values and Human Resources frameworks of the British Council. Ability to support organisation change, global talent initiatives and developing appropriate consistency across the region are key success factors.
This post is being advertised in Brazil, Mexico and Colombia and it is for a local contract. The selected candidate will follow the labour law of the country where he/she is located.
The job description, application form and all other relevant recruitment information are available on our website at http://www.britishcouncil.org/br/brasil-quem-somos-trabalhe-conosco-human-resources-business-partner-americas.htm.
Deadline for applications: 27 September 2011.
If this post is of interest, we encourage you to apply or to forward this invitation to professionals who might be interested."
domingo, 11 de setembro de 2011
Marca de nascença
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Visão além do alcance
Tenho um discurso e porte de liberal, mas é só fachada, pois cheguei a uma fase que quero me aquietar; já nem falo mais de me sentir morta de paixão; quero um projeto de vida, acertado e estável. Aparece alguém aí? Se você quiser, eu conto tudo o que está acontecendo, para você ter uma ideia.
“☉ ☽ ☿ ♀ ♂ ♃ ♄ ♅ ♆ ♇ ☊ ☋.”
O astrólogo examinou novamente o mapa e repetiu:
“☉ ☽ ☿ ♀ ♂ ♃ ♄ ♅ ♆ ♇ ☊ ☋.”
“Tem certeza que não aparece uma pessoa, do trabalho? Porque eu desconfio que esse cara é o homem da minha vida.”
***
“Joana, como foi a ida ao astrólogo?” Perguntou a amiga que o recomendou.
“Ele não falou nada de interessante; aliás, ele quase não falou.”
“Às vezes, acontece. Alguma novidade?”
“Sabe aquele carinha do trabalho? Ainda não houve nada de concreto, mas a gente já comunga de uma intimidade; eu empresto dinheiro pra ele; até meu carro já emprestei, para ele visitar a avó, em Minas, no feriado. Ninguém resiste uma paixão como a que a gente está sentindo. Por isso, eu sinto que é só uma questão de tempo. Você vai ver.”
terça-feira, 6 de setembro de 2011
O plano
“Elaborei um plano infalível para sair com a Charlene. Ela estuda na minha sala e é linda.” Disse Charles à Tita, sua cadela, que balançava o rabo, de tanto entusiasmo.
“Tita, aqui começa o plano.” Dizia Charles, enquanto Tita erguia-se para ver do que se tratava.
“O desenho não é bem uma árvore, nem é tão complexo quanto parece. O início da linha é a largada para execução do plano. A linha que segue pra direita é a primeira tentativa; vou ligar para Charlene. Nessa linha, há duas possibilidades, o que explica as duas ramificações: ela pode estar em casa, ou não.
Se ela estiver, eu sigo nessa mesma ramificação, porém com o um passo à frente. Caso ela não esteja, irei para a ramificação da esquerda, que se bifurca em: deixar uma mensagem, ou ligar mais tarde.
Supondo que ela esteja, vou dizer que sou o Charles que estuda com ela; vou perguntar amenidades ‘oi, tudo bom?’; e ela vai responder; em seguida, vou falar do filme que foi lançado e que pretendo convidá-la para ir comigo. Depois do cinema, não há como prever, então, o galho da árvore para de crescer aqui, podendo render frutos, ou não. Se ela não quiser ir ao cinema, vou propor uma peça de teatro; li que meninas identificam-se com drama teatral, de preferência amoroso.”
“Vou ligar, Tita; enquanto isso, fique quieta e me deseje sorte.”
A cadela parou de abanar o rabo e se sentou, como quem espera o resultado de um exame médico.
“Alô? Eu poderia falar com a Charlene?”
“Só um momentinho.”
“Tita, estamos com sorte.” Sussurrou Charles, enquanto tapava o fone com a mão.
“Alô?”
“Oi, Charlene! É o Charles, que estuda com você; em geral, eu sento na lateral esquerda da sala, lembra?”
“Não.”
“Essa ramificação não consta no sistema. Até mais.”
Para demonstrar apoio, Tita deu uma volta atrás do próprio rabo e se deitou, desolada; enquanto Charles, cabisbaixo, olhava o seu desenho.
Após alguns segundos, ele começou a traçar novas linhas, e caiu absorto num estudo sobre probabilidades, afastando, talvez sem perceber, aquela inconveniência emocional; e Tita, ao observá-lo, não compreendeu mais nada.
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
O menino e o éden
Minha mãe acha que sou calado, tímido, retraído... e outras palavras que sequer entendo. Por isso, ela me levou para conversar com um doutor.
Eu não conversei; só respondi as perguntas dele. O doutor garantiu à minha mãe que tenho cura, e me propôs um jogo; era pra desenhar o que quisesse.
Desenhei castelos, bosques e um lago onde escondi os meus segredos.
O doutor gostou e se pôs a falar do éden, que segundo ele é o nome culto de paraíso; contou do amor, dos sonhos, de perdas e dores.
Eu não entendi quase nada, porque de dor só conheço aquelas consequentes de quedas de bicicleta; e do amor, só posso dizer que deve ser aquela douçura que sinto quando brinco com o meu avô, ou quando converso com a Mímel, a minha melhor amiga.
A Mímel é uma cobra que vivia escondida no nosso quintal. Ela era tão calada quanto eu, mas nos entendíamos muito bem.
Mímel também era incompreendida; ela disse que onde chegava, antes que fizesse qualquer coisa, queriam matá-la; apoderavam-se de pau e pedra, e, como se estivessem num ringue de luta livre, começavam o apedrejamento. Ela disse que tinha gente que até se regozijava com essa cena; essas pessoas nem imaginam como as cobras são necessárias para que haja a colheita, pois elas comem os ratos que podem devorar uma plantação inteira, da noite para o dia.
Mímel não esperava nada de mim. Quando estávamos juntos, existiamos, sem a expectativa dos adultos. Parecia o éden do doutor.
“Será que matam as cobras por que elas não falam?” Perguntei ao doutor.
Ele disse que as cobras são sábias, desde o primeiro éden.
Eu, que nunca fui de falar muito, contei ao doutor onde a Mímel vivia. Estranhamente, no dia seguinte, ela não estava mais lá; como se nunca tivesse existido.
O doutor acha que eu sonhei tudo aquilo. Para agradar, lhe dei razão.
Depois disso, brotou dentro de mim uma coisa tão ruim que pensei que fosse apodrecer; ardia mais do que a minha pior queda de bicicleta. Pra me distrair, eu me lembro da Mímel, contando as histórias de perseguições que lhe ocorreram e que passaram.
Quando eu crescer, vou explicar a minha mãe que ser calado não é doença, é só um modo de se expressar; e quando eu me reencontrar com a Mímel no éden, ou num ringue de luta livre, vou lhe dizer que nada disso dura tanto.