Uma jovem escreveu uma carta ao universo, solicitando uma chuva de móleculas de histórias não escritas para incentivarem os novos autores nas suas tentativas. Apesar da demanda sideral, o universo comoveu-se com o pedido e convenceu uma estrela cadente da importância daquela tarefa celeste.
A estrela preparou-se por seis dias consecutivos, coletando moléculas de outras estrelas cujas histórias não tinham sido contadas. Minutos antes de seguir viagem, a estrela hesitou em cumprir a ordem, pois lembrou-se que ao entrar em contato com a atmosfera, provavelmente sofreria a sua desintegração, provocando a própria luminosidade e ensejando uma enxurrada de pedidos dos mais variados tipos, que talvez não conseguisse cumprir.
De súbito, ao imaginar a palpitação dos corações dos seus observadores, um sentimento de conexão a inundou, recordando-a que em determinadas circunstâncias, há poucas horas na vida mais agradáveis do que aquela dedicada a contar uma história. E num movimento impulsivo, partiu para cumprir a sua missão, metamorfoseando-se num mosquito, que transmitiria uma comichão por narrar os incríveis episódios contidos abaixo da cúpula celeste a todos aqueles que ela picasse.
Apesar das inúmeras tentativas de assassinato, tive êxito; consegui com o meu zumbido despertar pessoas na madrugada para que elas escrevessem histórias inéditas. Se essas pessoas seguirão na jornada da escrita, só elas mesmas poderão contar.