segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Antídoto sentimental


Estava preparando a lista de livros lidos no decorrer de 2012 e me dei conta de que durante os seis primeiros meses, só li livros de autoajuda. Sei que há uma quantidade de gente, que executa qualquer um do rol de amizades quando o escuta dizendo que leu um livro dessa natureza. Portanto, para manter a amizade de todos bem como o respeito recíproco (meu Gregório não suportaria saber que alguém nos considera inferior), resolvemos fazer aquelas reflexões anuais, que angariam simpatia e provocam sentimentalidades.

Se alguém tiver a curiosidade de saber por que li os livros de autoajuda, a resposta é simples: eu não queria analisar o que eu sentia, e, em seguida, obter a uma justificativa; todas as minhas tentativas foram de interromper o ciclo alternativo entre o erro e o sofrimento. 

Não me incomodo de cometer os erros mais de uma vez, porém o “tudo como premeditado” é exasperante.

“Não disse? Eu tinha certeza; isso sempre acontece comigo.”

E o restante das lamúrias, algumas pessoas até se identificam.

“Por que agi dessa maneira? Por que não fiz isso?”

"Por quê?" (Como se alguém tivesse perguntado).

Porque suspeito que se houve repetição de algo, houve um prazer; e ter prazer no sofrimento inconscientemente é suportável, pois “não estou sabendo” justifica tal sensação. No entanto, provocá-lo, sabendo que o resultado não é o que se quer realmente, e fazê-lo porque não resiste, só pode ser porque, de algum modo, o produto final agrada.

Se houvesse continuidade, o diálogo passaria a ser incongruente.

“Quais são os seus hobbies?”

“Gosto de ler, dançar, viajar, escrever... ah e também sofrer?”

“É mesmo? E é bom?”

“Não.” 

“Não? E por que o pratica?”

A partir daí, o interlocutor deixaria de lado essa conversa sem pé nem cabeça; ou talvez se percebesse repetindo comportamentos nocivos a si e à humanidade. 

A propósito, qual seria o ganho de se observar praticando autoenvenenamento? Não sei, porque o saber por si só não garante o passo à frente (sou prova viva). Porém, suspeito que a interrupção de tal ciclo seja uma espécie de antídoto.  



terça-feira, 13 de novembro de 2012

Se fosse possível resumir em onze...


“Achei tão mórbida essa história de festa antes de morrer. Você vai?”

“Tenho que ir; uma amiga de vida inteira não se abandona na hora do desembarque. Além disso, imagina se há alguma revelação estarrecedora?! Tudo bem que a essa altura nada mais importa; aos noventa anos ninguém fica mal falada.”

“O que ela fazia mesmo quando era mais jovem? Quero dizer bem mais jovem.” 

“Essa é uma pergunta que nem ela responde claramente; fazia vários trabalhos, serviços aleatórios, mas ela já trabalhou de executiva.” 

“Chegou a trabalhar de verdade? Isso deve ter sido há muito tempo. Sei que ela dançava tango; se contabilizassem os quilômetros rodados nas milongas, seriam equivalentes à volta ao mundo a pé. Ela queria convencer o mundo que dançar tango era como meditar.” 

“Eu me lembro; ela recomendava a dança pra quem mencionasse qualquer desajuste, fosse familiar, sexual, amoroso etc.” 

“E respirar? Lembra? Ela insistia em dizer que se a gente observasse a respiração dez vezes por dia, curava qualquer mal da cabeça. Devo confessar que usei esse método em algumas situações de emergência.” 

“E funcionou?”

“Não sei se funcionou, pois eu logo esquecia o porquê de estar fazendo aquilo.” 

“Estou curiosa pra saber o que ela vai dizer no leito. Será que vai contar todas aquelas histórias de viagens novamente?” 

“É fato que ela passou a vida viajando, mas ela não marcaria uma encontro na casa dela, no leito de morte, só pra contar vantagem.” 

“Será que ela finalmente conseguiu publicar algum livro?” 

“Passou a vida escrevendo também... e não publicou nada; só na internet onde qualquer um tem direito de fazer. Pode ser que ela consiga depois de morta; os leitores adoram escritores mortos; eles parecem mais perfeitos.” 

“Ouvi dizer que ela convidou todos os amigos; os que ainda estão vivos, claro; ela sempre gostou de casa cheia. A ultima vez que eu estive na casa dela, cheguei para o almoço e fiquei até o jantar; e foi um entra e sai de gente que mais parecia festa em turno.” 

“E eu ouvi dizer que só serão servidos água e frutas.” 

“É?! Será que ela vai usar esse momento delicado pra obrigar a gente a beber água? Como ela gosta de beber água!” 

“Haja paciência. Nunca falei nada porque sou amiga dela; ela tem umas manias e quer que a gente adote.” 

“Nossa, nem fala. Outra mania dela era fazer curso; fazia curso de quase tudo; aprendeu até a tocar piano.” 

“É fato; ela gostava de aprender fosse o que fosse, mas o sonho dela era aprender alemão, que segundo ela era um mistério, como aprender a ler mão.” 

“Se você fosse eleger o que ela mais gostava, o que você diria?” 

“Difícil dizer!” 

“Só um chute.” 

“Ela aproveitou a vida de um modo tão inconsequente que não saberia especificar.” 

“Por falar em aproveitar a vida, ela casou?” 

“Até nisso teve sorte! Da outra vez que ela festejou o leito de morte, melhor dizendo, da outra vez que passou mal e achou que ia partir, no discurso do encontro, ela disse em alto e bom som: “eu amei”, referindo-se não só aos amigos e familiares mas, em especial, ao companheiro de vida.”

“Não fui convidada a esse evento. Quando foi?”

“Há seis meses, num sítio, ou melhor, no meio do mato; ela fez todo mundo tirar os sapatos; por sorte, o dia estava lindo e a grama bem cortada.” 

“Foi triste esse encontro de pré-partida?” 

“Foi hilário. Ela espalhou piadas ao redor do lugar, e a cada passo que se dava, era possível compartilhar uma gargalhada.”

“Ela continua com essa mania de adorar rir?” 

“E quem vai mudar agora aos noventa?” 


***

Esse texto foi feito para enumerar onze coisas que eu adoro, e, porque a blogueira do comentários e ninharias indicou o sertão livre para participar do Prêmio Liebster (destinado a blogs com menos de 200 seguidores). Obrigada Mallu! 

Para continuar a roda da fortuna, eu indico os blogs borboleta amando e sem papas na língua. E se algum blogueiro amigo/desconhecido quiser participar, por favor, não hesite, entre em contato que terei o maior prazer em indicar!




segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A missão do constrangimento

Eu jamais viveria isolada numa ilha.

Talvez eu me alimente de gente tanto quanto o Drácula, só que utilizo métodos mais sutis de absorção.

Tenho necessidade do verbo das pessoas.

Por isso, não interagir seria uma tormenta. Porém para se integrar e obter a adorável autoconfiança no que se diz, é necessário cometer erros. 

O silêncio do sertão deve-se à minha pouca capacidade de entendimento e ao meu medo de errar. Como se a cada erro, acendesse um letreiro na minha testa expondo-me ao julgamento e me conduzindo ao cadafalso; e uma voz rouca repetisse: "se ela errou, deve morrer".

"Seria morrer parecido com errar? Se for, morrer deve ser mesmo desconcertante." E chegando ao outro lado, alguém, de maneira abrupta, indaga: "você morreu?" E cai numa gargalhada; depois complementa: "fique tranquilo; acontece com todo mundo". E você ali, morto, humilde, pergunta: "é por aqui?"; e o outro, ainda rindo e pra debochar do recém morto, responde: "continue sem olhar pra trás".

Errar é fundamental, as pessoas dizem. Eu concordo. Mas passar vergonha é constrangedor. 

"Alguém discorda?"

O meu analfabetismo em alemão conduz-me por essa estrada cinzenta: para aprender tem que errar e, vez por outra, ser objeto de olhares (imaginários) e risadas (reais). A propósito, já tenho um par de anedotas que decidi compartilhar. 

Eu estava numa milonga, dançando tango; justo durante os poucos segundos entre uma música e outra, o cavalheiro interveio, dizendo algo assim:

“Ichulrichunddu?”

Eu, sem compreender, do que se tratava, respondi, fingindo autoconfiança: “ich, nicht! Eu, não. Na dúvida, era melhor dizer não ao cavalheiro.

A música seguinte não começava. Por isso, ele insistia ininterruptamente: 

“ichulrichunddu?” “ichulrichunddu?” “ichulrichunddu?” “ichulrichunddu?”

Finalmente, a música recomeçou e a tormenta de não compreender cedeu espaço à dança. O tango me salvou até a próxima pausa.

“Ichulrich,  und duuuuu?” 

E como se um santo alemão tivesse baixado tamanha a insistência do protagonista, a minha língua cuspiu: ich heisse Silvia.

“Ah so! Wie meine Tochter.” (Igual ao nome da minha filha).

Dali por diante, o diálogo seguiu como eu imaginava: de onde você vem, o que faz etc. Não houve tempo pra responder o que eu faço, para minha sorte, porque o nível do meu alemão, nem com a ajuda do santo, seria suficiente pra explicar os trabalhos paralelos que eu faço. 

Ufa! Dançamos. Viva o tango como meio de comunicação. 

Um parêntese aqui: dançar com alemão, comparavelmente, é como dirigir uma merdedes, pode-se atingir uma alta velocidade com segurança, os movimentos fluem de acordo com a capacidade do motor, combinado com a batida da música; os giros e os oitos saem meticulosamente calculados, como se fosse possível prever o imprevisível. Entretanto, como dançar não é preciso, tudo segue surpreendendo. 

A vergonha linguística de não compreender um diálogo básico "ich heisse Ulrich, und du?" foi devidamente compensada. Tudo vale a pena, nós sabemos... no final.

Vamos ao outro passo em falso no idioma do senhor Goethe. 

Eu só queria comprar um piano. Cheguei à loja de instrumentos musicais e perguntei os preços e se eu poderia comprar “em parcelas”. Uma gargalhada brotou de toda a loja, incluindo vendedores e clientes.

Como? Eu havia olhado essa palavra cuidadosamente no dicionário, e para conferir, inseri no google translate. Ensaiei o diálogo. O que havia de errado?

Pois bem. 

Ao invés de dizer que queira pagar em parcelas: Raten (sendo a primeira sílaba forte), eu pronunciei a palavra enfatizando a segunda sílaba, portanto, eu disse que queria pagar em ratos (Ratten).

A cada constrangimento, um novo rol de palavras e de histórias. O constrangimento é vexatório, mas a sua missão é hilariante.

Viva o que nos incomoda! Porque, às vezes, é nesse ambiente sombrio que aprendemos uma boa lição.   

domingo, 4 de novembro de 2012

Bolsas de estudos Chevening no Reino Unido


"Brasileiros em busca de uma oportunidade para aperfeiçoar suas habilidades de liderança em uma rede global agora têm a oportunidade única de se candidatarem às Bolsas de Estudo Chevening de pós-graduação no Reino Unido.
O Programa de Bolsas de Estudo Chevening 2013/2014 irá financiar 700 estudantes, incluindo cerca de 30 brasileiros, para que comecem seus cursos no Reino Unido no outono de 2013. As candidaturas ficarão abertas de 29 de outubro a 20 de dezembro de 2012, para mestrados com duração de um ano, em qualquer universidade britânica, nas seguintes áreas:
·         Mudanças Climáticas, Sustentabilidade e Energia
·         Negócios, Finanças, Economia e Administração Pública
·         Relações Internacionais (incluindo cursos de Direitos Humanos, Desenvolvimento, Conflitos e Segurança)
·         Jornalismo e Comunicação
·         Administração Esportiva e Legado de Grandes Eventos Esportivos
·         Ciência, Inovação & TIC
·         Indústrias Criativas
O Programa Chevening tem um novo site (www.chevening.org), que ajuda os interessados a navegar pelo processo de candidatura e a se candidatarem online.
As Bolsas de Estudos Chevening constituem o programa global de bolsas de estudo do governo do Reino Unido, financiado pelo Ministério das Relações Exteriores britânico (FCO) e organizações parceiras. Desde seu início em 1983, o Chevening se transformou em um programa internacional de prestígio. Há mais de 41 mil ex-alunos do Chevening, de 110 países diferentes, que, juntos, formam uma rede global influente e altamente respeitada.
Veja alguns depoimentos de ex-alunos e de bolsistas que começam seus estudos este ano."

Obs.: texto e dados retirados do e-mail que recebi sobre o tema (por isso, inseri as aspas).

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

British Council / Special Edition - Job Opportunity


Director English

"The British Council in Brazil is looking for a qualified and motivated professional to lead on English for Brazil.
The purpose of the job is to identify, pursue and negotiate financial and risk-sharing partnerships with a range of partners (companies, government agencies, other non-governmental organisations and high net worth individuals) to expand the reach and impact of the British Council in Brazil. To build and maintain relationships with sector stakeholders to ensure influence with partners in English nationally and facilitate large-scale partnerships and project development.  

This is a locally-engaged post. Candidates must have the right to work in Brazil. The British Council is not able to support or sponsor work visa applications from non-Brazilians.  


English language qualification equivalent to IELTS 8 or higher is essential. Candidates must also have the ability to operate in Portuguese (both written and spoken) at a business level. Non-native speakers may be required to take a Portuguese language test.  

The role profile containing duties and responsibilities, qualifications and skills necessary for the job and the application form are available on our website at
http://www.britishcouncil.org.br.

Deadline for applications 21/10/2012
 

If this post is of your interest, we encourage you to apply or to pass on the information to professionals who might be interested."

 

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Esse blog já tá qualquer coisa, ele já tá pra lá de Marrakesh


A apenas algumas horas da Europa, porém num outro continente, um labirinto de cheiros, texturas, casas, comércios, praças, restaurantes, casas de banho, museus, motos, bicicletas, carroças e inúmeros transeuntes de falas ininteligíveis compõem o cenário ébrio da medina de Marrakesh. 

Mendina, na língua árabe, significa cidade, e, é onde acontece de tudo: contação de história árabe (não entendi nada mas achei lindo), venda de comida, e de artefatos variados; e em todo canto o estrangeiro escuta línguas confusas; a medina poderia ser uma versão horizontal da torre de babel.  

O transeunte, por melhor senso de orientação que tenha, está predestinado a se perder. Se não o fizer, é como se não tivesse compreendido algo. 

Nos souks, como são conhecidos os mercados, qualquer idioma soa coerente aos comerciantes.

"Combien ça coût? How much? Quanto custa?" 

"Good price." 

"Ok. How much?"

"Cheap." 

E convidam para entrar. A negociação faz parte da cultura. O preço inicial nunca é real, talvez nem o último.

"This is not cheap." O turista reluta.

"How much is your price?"

E por aí vai...

Se você for do tipo sério, que gosta de segurança, e prefere as regras ao jogo da barganha, o lugar mais indicado para compras é o mercado artesanal onde os preços são fixos. Lá os vendedores não assediam o consumidor, não tem o burburinho nem os cheiros dos souks (comércios); talvez por isso seja monótono. 


A cada esquina, o cheiro de hortelã dos bules de chá, a exibição de tâmaras, figos, pêssegos, e a fumaça das panelas convidam para uma pausa.  



"Tajine ou couscous?"


"Tajine de legumes ou de galinha?"

"Côtelette ou viande? Carneiro ou carne de vaca?"

Não importa o que vá comer, será delicioso. No Marrocos, é tradicional comer com a mão direita (mais especificamente com três dedos: o fura-bolo, o maior de todos e o cata piolho); os pratos são compartilhados, mas não se pode invadir o espaço do outro (isso era confuso pra mim); a mão esquerda é pra limpeza, por isso, evite cumprimentar as pessoas com a dita mão (ou dar alguma coisa, um pedaço de pão ou um chá) pode soar ofensivo.

Assim como para os católicos, o domingo é dia de folga, a sexta-feira, no Marrocos, é o dia de descanso; vários souks fecham e, em geral, se come couscous marroquino. 

Nem só de mercado e comida é composta a medina. Há também vários museus e sítios históricos para visitar: Badie Palace, Dar Si Said, Ben Youssef Medersa, Bahia Palace, the gardens of the Koutoubia, the Saadian tombs e a Djemaa El Fna, praça princial. Com exceção dos três últimos, os demais merecem uma visita guiada, pois há dados que só um guia local pode fornecer, por mais que se tenha pesquisado na internet.

Embora o Marrocos tenha sido objeto de inúmeras invasões e dominações, o país ainda contém diversas etnias, de caráter original, dentre nômades, árabes, berber; a religião predominante é o islamismo, e há dois idiomas oficiais: o árabe e o berber, porém a língua francesa é largamente falada e ensinada nas escolas. 

A cultura berber foi a que mais me impressionou, pois fui informada que ao serem desafiados em invasões, eles não usavam armas e logo levantavam os braços para provar isso; não temiam. A alcunha berber não é oficial, ficou assim conhecido pelo fato de falarem de modo berberberber... e logo os invasores os chamaram de bárbaros; o nome oficial desse povo é amazigh, que significa livre, como todos deveríamos ser. 

"Como fui parar lá no Marrocos, se estava morando na Alemanha?" 

Maktub.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Certezas e o valor do criminoso

Confesso que sempre acreditei que quem tivesse razão, estaria certo;
que quem fosse bom, não praticaria o mau; quem tivesse certeza, estaria seguro; quem fosse doutor, saberia mais que os outros; que quem fosse apaixonado por uma causa justa, jamais seria seduzido pelo poder; que só existia o que pudesse ser comprovado pela ciência; que a justiça era um remédio genuíno para os culpados...

De verdade, o que encobrem essas certezas? 

O que seria a incólume certeza, senão um disfarce da insegurança? O que seria a razão, senão uma possível incapacidade de ver sob outro ponto de vista? O que seria essa necessidade de comprovação científica, senão o medo do invisível?

Quem não gosta de garantias? Quem não prefere acusar a ser acusado? Quem gosta de ser o fracassado? Se não houvesse um culpado, como nos destacaríamos, ou nos justificaríamos? Talvez seja para garantir, pelo menos a aparência dessas certezas, que os erros e os atos criminosos provoquem intensamente a manifestação pública. 


"Olhem como ele agiu? Que miserável! Tenho certeza que já vem agindo dessa forma há tempos. Inadmissível. Deve ser punido com rigor!" Dizemos em alto e bom som, porque parecemos bons e melhores.

Aquele que cometeu o erro talvez nos legitime como melhores cidadãos, embora não necessariamente sejamos, só tenhamos a vantagem de não ter sido pego odiando em flagrante, desejando o mal, desdenhando alguém, ou torcendo para que tudo acabe, ou pelo simples fatos de nossos crimes não estarem previstos na lei. 

Talvez seja por esses disfarces que o crime nos compense.